segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Verdade

A menina dançou, cantou e girou o vestido rodado. O vestido era verde, a menina era boba e alegre. Pensou que pudesse ser feliz com a guerra do mundo e encontrou no campo de batalha um menino vestido de azul. Ali no meio dos tiroteios, das bombas e de muitas vidas que já tinham se acabado, eles dançaram juntos e se amaram incontrolavelmente, incomparavelmente. Como se Deus estivesse presente dizendo que a vida é muito mais do que sorte, mas é também correr o risco de levar um tiro no meio da dança. A menina de vestido verde sabia que a morte podia lhe atingir no peito, mas dançar era mais divertido que esperar a morte. Então ela e o menino vestido de azul, fizeram o possível para dançar no ritmo da música mais doce que entoava silenciosa dentro deles. Às vezes eles se atrapalhavam entre um passo e outro, mas logo se encaixavam novamente na melodia e agradeciam por ouvirem aquele som mudo que poucos privilegiados ainda podiam sentir. A dança acabou com um beijo, mas a música continuava com a mesma freqüência, talvez um pouco mais alta agora, mais rápida e intensa. O lugar era o mesmo, o vestido verde e a roupa azul também, mas a alegria era verdadeira, e agora, era pra sempre.

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